I V
será que o homem não percebe com o desmanche do seu canto
que é uma covardia a ave só pensa em chorar
agredir uma criatura arrancaram os ipês roxos
que não fala,apenas pia que neles costumava voar
existe pomba fazendo onde vai existe fumaça
seu abrigo em alvenaria ou alguém a derrubar
cortaram o arvoredo a árvore que tinha escolhido
que era sua moradia para se agasalhar
II VI
há quem jogue nas estradas avistei uma maritaca
bituca dos cigarros que fuma que não teve opção
o egoísta não consegue fez seu ninho num buraco
sair da sua redoma de um bloco de construção
fazer o bem a uma planta no mesmo lugar da paineira
isso ele não costuma arrancada com enxadão
é capaz de matar mil árvores ali ela teve uma infância
e não replantar nenhuma e chora de recordação
III VII
animais são despejados os rios estão sumindo
de uma forma brutal por falta de resistência
como se não tivessem pago quem judia dessa terra
o aluguel florestal assim com tanta frequência
estão expulsando os bichos não deve amar Jesus
do sertão ao litoral ou então não tem consciência
do seu próprio domicílio que irá sofrer demais
seu habitar natural na sua próxima existência
IV VIII
não existe um ser vivo por causa da devastação
que não goste de carinho a flora fica indefesa
só Deus pode imaginar quem toca fogo na floresta
a tristeza de um passarinho não admira a beleza
que foi buscar noutras matas e sabe ferir bem profundo
comida para seus filhinhos com sua indelicadeza
e quando voltou,um homem a própria sensibilidade
tinha derrubado seu ninho do coração da natureza
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